A MTV,um canal que dava seus primeiros passos na época em que Thriller foi lançado,orientava sua programação a um público essencialmente branco e artistas negros quase não tinham espaço na emissora.Michael,auxiliado por sua gravadora,quebrou esse preconceito e fez com que "Billie Jean",dirigido por Steve Baron,entrasse na programação do canal com força arrasadora.Os sucessos que se seguiram,"Beat It" e "Thriller",ajudaram a alavancar a audiência da então jovem MTV e a estabelecer o videoclipe como uma das mais vantajosas formas de promoção de um álbum.
Política e dinheiro mudam o mundo,dizem os analistas.E a arte,não exerce nenhuma influência?Pelo contrário.A política e o poder econômico mudam o status quo de cima para baixo,impondo regras e policiando seu cumprimento.A arte,porém,atinge o cerne das pessoas,transforma e afeta seus corações,gerando uma mudança muito mais efetiva.Foi assim que o talento de Michael Jackson fez mais pela sua diminuição do racismo do que qualquer político ou banqueiro.O jornalista Paulo Francis corroborava essa ideia,desvalorizando os movimentos que usavam de violência para reivindicar direitos.Nada se compara ao poder transformador da arte.
Além disso,temos de lembrar que Michael foi,durante um longo período,um ícone da beleza:milhões de crianças,jovens e adultos exaltavam sua beleza negra.Mesmo ela tendo perdido a força em seu rosto por conta das plásticas sucessivas e do vitiligo,as barreiras estéticas já haviam sido quebradas (mentira...ele continuava lindo de qualquer jeito).
Referindo-se à questão dos preconceitos raciais,o músico Paulo Ricardo,após a morte de Michael,disse:"Se Michael Jackson não tivesse existido,Obama nunca teria sido eleito presidente dos Estados Unidos".A cantora Elza Soares,ao lamentar a morte do astro,também tocou na questão do racismo:"Eu me coloco diante das imagens como mulher e como negra e penso que ele abriu caminho para muita gente".