quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sem tempo para ser criança

Era comum Michael ficar no estúdio cantando até tarde da noite,até muito depois do horário em que uma criança da sua idade deveria estar dormindo.Havia um parque próximo ao estúdio da Motown.Michael costumava olhar as crianças brincando nesse parque:"Não consigo imaginar essa liberdade,essa vida sem preocupações".
Enquanto crianças por todo o mundo em breve veriam o desenho dos Jackson5,enquanto ouviam as canções impecavelmente interpretadas por Michael e seus irmãos,enquanto imitavam as coreografias do grupo,enquanto,sem perceber,superavam antigos preconceitos de raça por conta do impacto da arte daqueles talentosos irmãos negros,enquanto invejavam a posição de destaque e o talento do líder do Jackson 5,Michael invejava as crianças que tinham tempo e permissão para brincar.
Qualquer criança que tenha se tornado famosa,como Judy Garland ou Elizabeth Taylor,passa,em algum nível,por essa sensação de "roubo da infância",mas o caso de Michael superou todos os limites:desde que iniciou sua carreira,não houve um único momento em que não estivesse sob os holofotes,sob a mira da imprensa,sob a exigência mundial de um sucesso cada vez maior.Por conta disso tudo,compreendemos a fase posterior em que Michael,de vontade própria,se refugiou em seu parque-mansão Neverland.Ele se tornou uma espécie de Benjamin Button da cultura pop:nasceu velho (obrigatoriamente velho por conta de responsabilidades pesadas demais para uma criança) e morreu criança (com uma mente apegada à infância eternamente perdida e nunca desfrutada).

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